domingo, 22 de julho de 2012

POEMA (Vicente do Rego Monteiro, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Autran)

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 SOBRE VICENTE DO REGO MONTEIRO.

PINTURAS: VICENTE DO REGO MONTEIRO.
POEMA: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.  
DECLAMAÇÃO: PAULO AUTRAN. 
VÍDEO: MARCO BASTOS.


Vicente do Rego Monteiro
"A vida é tudo que tenho"



Vicente do Rego Monteiro (Recife 1899 – 1970) não foi só um pintor de destaque. Isso é muito pouco para dizer de sua obra e principalmente de sua personalidade. Vicente foi um fazedor de frases, um poeta, um homem de múltiplas atividades. Gostava de dançar. Quando jovem, no Rio e em Paris, onde viveu boa parte de sua vida, entrava em concursos de dança e apresentava-se como dançarino. Pretensioso? Pode ser, mas venceu vários concursos. No Rio e em Paris. Curtia a vida alegremente e está longe de ter sido aquele gênio enclausurado e pedante, montado em sua própria genialidade

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"A vida é tudo o que tenho.
A vida e somente a vida."



Nascido aqui no Recife, logo cedo foi para o Rio, onde começou a estudar na Escola Nacional de Belas Artes, ainda criança. Em seguida a família foi para Paris, onde Vicente fez sua primeira exposição aos 13 anos. Em Paris, conheceu e conviveu com nomes muito significativos no mundo das artes, como Modigliani, Miró e outros mais. Aí absorveu o que a vanguarda européia estava produzindo. Vicente era o mais moço de três irmãos, todos artistas expressivos e logo tomou tamanho de gente grande. Muito grande. Na Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, um marco na história da arte moderna no Brasil, participou ao lado de Anita Malfatti, Goeldi e Di Cavalcanti, mas já trazia um curriculum internacional e uma forte influência cubista de sua vida na Europa


Com a primeira guerra mundial a família Monteiro voltou para o Brasil e foi morar no Rio. Vicente participou de vários movimentos de teatro, poesia, literatura, pintura e tornou-se rapidamente um dos expoentes da cultura brasileira, principalmente como pintor.A sua vida transcorreu entre Paris, Rio e Recife. Nomes franceses ao seu redor são uma constante. Liderou movimentos importantes com a mesma desenvoltura, tanto no Brasil como na França. Ganhou prêmios de poesia na França, pais onde a língua pátria é valorizada e protegida e onde muito raramente um poeta não francês tem a chance de ganhar algum premio de poesia.

Terá sido melhor poeta do que pintor? Pouco importa.

"A vida é tudo o que tenho
A vida e somente a vida.
É sobre ela que estou construindo a minha obra."



De personalidade ativa, fez várias viagens entre Recife e Rio, dirigindo um carro chamado Gordine. Não me perguntem como era mas pelo que me descreveram era um carrinho muito pequeno para tão grande trajeto.(Tempos depois de haver escrito essa matéria vi um Gordine em uma exposição de carros antigos e fiquei mais impressionada ainda). Devia gostar de dirigir pois disputou o grande prêmio automobilístico de Paris uma certa vez. Eu não sei de outro pintor que tenha feito isso. Em Pernambuco, comprou uma fazenda e tornou-se fabricante de aguardente. Teve uma marca de aguardente importante, Gravatá, citada por João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina.


Envolveu-se com projetos literários importantes, poesias, teatro, e divulgou pintores europeus no Recife, Rio e São Paulo. O número de eventos importantes que liderou é enorme, como mostra o seu curriculum na Fundação Joaquim Nabuco. Morreu onde nasceu, no Recife, quando teve o segundo enfarte. E nunca deixou para traz a sua cidade natal. Recife esteve em sua morte mas sempre esteve em sua vida.

Muitos dos grandes museus, aqui no Brasil e em várias cidades européias, possuem obras de Vicente do Rego Monteiro. Sua obra tem traços nitidamente cubistas e uma temática que enfatiza a sua brasilidade. Talvez tenha sido o primeiro brasileiro a ter um entrosamento íntimo com a escola de Paris, uma forte liderança cultural da primeira metade do século passado, por bem dizer, nosso século ainda atual. É o mais cubista dos brasileiros. Famoso internacionalmente em um mundo que não era ainda globalizado, fortaleceu-se com a globalização e hoje, permanece como um nome participativo em muitas exposições.O sonho de Pelé, um quadro com uma temática inegavelmente brasileira, não segue o estilo mais comum de Vicente do Rego Monteiro, nem apresenta o seu estilo cubista. Parece-me que esse quadro, parte de um acervo particular, esteve a venda recentemente mas não sei o resultado.

Ao contrario de muitos felizardos da genialidade, Vicente do Rego Monteiro deve ter sido uma figura popular e simpática com as pessoas ao seu redor. Pelo que pude deduzir de sua vida e das suas atividades, imagino-o um homem ligado ao povo e participativo das atividades populares. Não posso imaginar de outra forma um produtor de cachaça. Mas sem dúvida, foi um grande intelectual pernambucano e um líder binacional do mundo das artes. A ele, devemos muito, nós brasileiros e franceses. Gostaria de tê-lo conhecido.
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Por Rê Rodrigues – ajeitando escrivinhamentos anteriores
Gente, Ronaldo me abandonou em pleno natal, só disse pra mim “cumpra os prazos” e foi embora, nem sei pra onde. Eu até tinha comprado um presente pra ele mas não vou dar mais. Eu mesma como. (http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=1078&m=44)


(rsrs - Isso Rê, joga duro e não bate fôfo... O tal Ronaldo foi tomar cachaça na fábrica do Vicente. rsrs).


9 comentários:

Vania de Castro disse...

Querido poeta, Marco Bastos.
Que beleza! A pintura, o poema, a declamação e o seu trabalho, autêntico encontro e comunhão da arte!Trabalhos de grandes mestres! Parabéns! Meu abraço,
Vania

Marco Bastos disse...

Obrigado, Vania. É uma satisfação receber visita tão ilustre e suas palavras carinhosas.
abraços.
Marco.

Jorge Sader Filho disse...

Excelente postagem, Marco! Vicente é um pintor que adquiriu um toque tão forte que a muitos metros, no meio de outras pinturas, a gente o distingue com facilidade.
Abraço,
Jorge

Unknown disse...

Marco Bastos, encantada com tudo que compõe este lindo Blog.Parabéns pela criatividade.

SoniaR disse...

ctsryrecParabéns pelo blog, Marco. Está maravilhoso, seu talento não tem limite, só nos encanta. Sucesso meu amigo. Grande abraço.

SoniaR disse...

pbling

SoniaR disse...

Parabéns pelo blog, Marco. Está maravilhoso, seu talento não tem limite, só nos encanta. Sucesso meu amigo. Grande abraço.

SoniaR disse...

Parabéns pelo blog, Marco. Está maravilhoso, seu talento não tem limite, só nos encanta. Sucesso meu amigo. Grande abraço.

SoniaR disse...

Parabéns pelo blog, Marco. Está maravilhoso, seu talento não tem limite, só nos encanta. Sucesso meu amigo. Grande abraço.