quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O QUARTO


O QUARTO

O quarto onde eu durmo
é um escritório
que veio a ser quarto de dormir,
no dia em que cedi,
à minha mãe que adoeceu,
o quarto onde eu dormia.

Fica na frente da casa,
diferente. tem uma janela
que se abre para o céu
que entra teimoso na varanda
passando entre os arbustos
que dão sombra, nos canteiros.

O quarto do fundo, mais abrigo,
é suave, e pouco mais escuro.
a luz vem pela janela pequena
que se abre sobre o espaço
que há entre o corpo da casa
e lá, um opaco muro antigo.

Aqui o micro canta e conversa
cabeça solta para o mundo.
no outro, não era sempre
que eu conversava com gente
mas sonhava...sonhava lá,
frequentemente...

Lá tem uma cama de ferro
e no meu recôndito sossego,
às vezes, de dia via estrelas...
aqui tem um telescópio,
ópio de lentes curiosas,
para ver aglomerados solitários.

Ali fora, na varanda o canário
canta, e a gaiola é o mundo.
no compasso me diz o que eu sabia
- tranquilidade não é espaço;
é sumo de um não-sei-o-quê, e rumo!
Penduro a camisa no telescópio, e durmo...

Marco Bastos
dez/2006.


UMA DISCUSSÃO SOBRE OS IDOSOS NO BRASIL
(copie o link e cole no seu browser):

http://silviamota.ning.com/profiles/blog/show?id=5503497%3ABlogPost%3A560488&xg_source=activity&page=1#comments

Um comentário:

Vania de Castro disse...

Marco,
Um quarto cheio de significados. O cotidiano tão bem detalhado por você reedita o presente. Muita sensibilidade em cada letra. Meu carinho,
Vania